sábado, 4 de junho de 2011

ANOS 70 & 80


A virada dos anos 70 para os 80 foi um período agitado. Muitas coisas aconteciam no Brasil e no mundo. Por aqui, depois do “milagre econômico” da década de 70, o país entraria na “década perdida”, como ficaram conhecidos os anos 80. O termo cunhado por economistas se refere ao longo período de estagnação econômica que o Brasil viveu naquela década. Para complicar, essa fase marcada por uma forte recessão e por uma espiral inflacionária sem fim, também sofria as agruras de um gradual e lento processo de abertura política. Eram as dores do parto da democracia.
Por outro lado, esse foi um período que legou às gerações que a seguiram modas, hábitos e ícones inesquecíveis. Com algumas atualizações, a moda dos 80 está sendo “revisitada” pelos estilistas e adolescentes de hoje, que, talvez sem saber, se vestem como a juventude “chocante” daquele tempo. E muitos dos objetos, utensílios e acessórios dessa época se tornaram clássicos, cults ou kitschs.
Nas ruas, já no final dos anos 70, iam no bolso as carteiras de velcro, emborrachadas ou de veludo. Quanto mais volumosas e recheadas melhor. Raramente de dinheiro. Nelas iam as notas de Cruzeiro, também chamadas de cru-crú. As de Cr$ 1.000,00 (sim, havia notas com tantos zeros assim), traziam a imagem do Barão de Rio Branco, e “barão” logo virou outra gíria para dinheiro. As carteiras levavam também as fichinhas. Podiam ser de telefone (orelhão) onde se “discava” o número.Celular? Nem pensar, na época isso era apenas um ramo obscuro da biologia. Podiam ser também de fliperama, ou fliper, como eram carinhosamente chamados os “antros” de jogos eletrônicos. Nem todos tinham Atari ou Odyssey. Os jogos de Futebol de Botão ou Trunfo eram outro vício. No pulso, relógio Champion, G-Schock ou algum outro modelo Casio, como o relógio calculadora. Não era raro ver os rapazes com os “cebolões” de pulseira metálica herdados do pai ou do avô.
Na escola, as provas vinham com cheiro de álcool, depois de passar no mimeógrafo. Enquanto os meninos jogavam ioiô com logo de refrigerantes, futebol de Kichute e ou liam gibi, as meninas escreviam em seus papéis de carta com canetas multicores. Meninos colecionavam álbuns de futebol. Meninas colecionavam figurinhas “Amar é…”. Meninos andavam de Caloi Cross e Monark Tigre e sonhavam dirigir os mini buggys que vinham estampados na contracapa dos gibis. Meninas andavam de Cecizinha e sonhavam pilotar Mobiletes.




Nas casas, o toca-discos era coberto por uma toalhinha de crochê. Botijões de gás, liquidificadores e filtros de água também tinham sua própria vestimenta. As paredes (muitas vezes cobertas por papeis de parede) eram disputadas por retratos da Santa Ceia, samambaias no xaxim, pratos de porcelana, quadros de tapeçaria As luminárias de acrílicodavam um tom futurista ao ambiente. Os sofás, com braços de madeira e estampas coloridas ou listas verticais, tinham a companhia de banquinhos plásticos em forma de ampulheta. Onde havia geladeiras – ou “frigidaires”, quase sempre vermelhas – havia um pinguin de porcelana (ou vários). Além dos imãs e calendários colados a porta. Objetos que resistiram ao tempo e hoje são considerados kitsch.








Quem ainda não tinha televisor colorido improvisava com papel celofane na tela. Afinal as crianças queriam curtir osTrapalhões em grande estilo. E os mais velhos ansiavam pelos episódios de Chips, Casal 20 e Panteras. Independente da idade, todos sentavam à mesa de fórmica nas refeições regadas a ki suco na jarra de abacaxi. Nas casas mais humildes eram os mochinhos de madeira que serviam de cadeira. Cinzeiros estavam por toda parte: de vidro, metal ou madeira, eram peças de decoração dos mais variados estilos.
Se entrássemos em um quarto de criança veríamos bonecos Playmobil e Falcon (ou Barbies e Susis) brigando por espaço na estante com um Aqualplay, um Pula-Pirata. Talvez achássemos também um Genius, uma vitrolinha ou um baralho de Trunfo. Olhando direitinho veríamos as miniaturas de garrafinhas de refrigerante. Afinal aquela seria a geração Coca-Cola.

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